Pois é, cá me encontro... Em Teresina o tempo me sobra, obrigando-me a refletir sobre o que me aflige enquanto busco incansavelmente relaxar. Engraçado isso, não ?!
A cidade é pacata para uma capital do estado mais pobre do país. Estou bem instalada e bem acompanhada, sem conflitos. Não é uma cidade modernosa (como Rio, SP ou Curitiba), nem atrasada para uma cidade no sertão nordestino e pobre desse Brasil que amo. Tem lá seus hábitos provincianos (como por exemplo, fechar durante 2 horas para almoço, já que TODOS almoçam em casa, afinal, o trânsito permite; ou fechar tudo-tudo-tudo por conta do feriado : nem padaria fica aberta!).
Além disso, o calor é constante, senegalês, semelhante, embora diferente do verão que vivi recentemente no Rio de Janeiro : a temperatura passa pouco dos 30 graus, mas você sua o tempo todo, na sombra, na brisa, parada ou em movimento : o tempo todo !
A riqueza oprime a pobreza pelas ruas da cidade : você, como classe média, até se sente mal. O pobre aqui tem até vergonha de existir e de te olhar nos olhos. É... isso ainda existe. Violência ? Deve ter sim, é cidade grande. Mas você não se sente ameaçada/o o tempo todo porque tem um Palio velho e estaciona na porta de um mercado ou restaurante : ninguém te ameaça ou te exige dinheiro... No máximo, se a coragem for muita e a necessidade também, o pedinte te pede.
Os carros importados abundam pelas ruas pobres, contrastando com os casebres de algumas ruelas beira-rio. Os pobres se amontoam nas filas das lojas do centro para pagar suas enésimas prestações de sei-lá-o-quê de tão caro e tão vagabundo. Os produtos medianos são caros, mas as parcelas cabem no orçamento do coitado. Os artigos de melhor qualidade são carésimos, comprados apenas, talvez, pelos políticos e empresários, donos de mais de metade da cidade, dos empregos, dos serviços. Esse é um país realmente supreendente.
No geral, os teresinenses são simpáticos, amistosos, educados, agradáveis, em sua maioria. Sempre um sorriso nos lábios ao dirigir-se a você. Têm prazer no serviço que prestam, ainda que lentos. Quanto maior o grau de instrução, menor educação e humildade - não precisava ser assim, né ? Mas é... Enfim...
A quem se pergunta o que vim fazer aqui, respondo : parte da família agora vive aqui no Piauí. Meu irmão passou num concurso público e está muito bem instalado em Teresina, feliz com seu trabalho, seu salário em dia, sua qualidade de vida recuperada. Transferiu-se com a família (a que coube na "bagagem", já que nem todos podiam vir), livros, mala e cuia em 2009. Aqui seu trabalho é reconhecido e respeitado. Aqui vive tranquila e pacatamente, já estranhando nossa excitação da grande metrópole. Além de vir conhecer esta cidade, trouxe meus pais para matar a saudade do filhão. Acho que Teresina entrou no meu roteiro de férias. E como eu quase não gosto de viajar, imagine, vai ser um sacrifício e tanto...risos...
um abraço,
Dayse
quinta-feira, 1 de abril de 2010
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