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domingo, 21 de fevereiro de 2010

Uma relação especial (escrito em 6/julho/2008)

Eles se encontraram por acaso. Não lembro bem se foi durante uma corrida ou uma festa. Ou será que foi no trânsito ? Na praia ? No cinema ? No bar ? Ou será que trabalham no mesmo prédio e se encontram no elevador ? Não importa. Quando ? Menos ainda.

Importa é que o encontro aconteceu. É uma relação delicada, especial. Sem contato físico (se é que um dia irá acontecer), mas com uma intensidade, uma afinidade, poucas vezes vivida, encontrada, entendida. Eles se amam, é fato. De uma maneira especial, pouco comum aos dias de hoje. Mas se amam. Gostam das mesmas coisas, têm muitas afinidades, se respeitam, se complementam, se mimam, se cuidam, se entendem. Às vezes, basta um olhar, um silêncio, uma ausência e tudo está dito. De uma maneira especial, exclusiva, inédita para este mundo moderno, digital, superficial até.

Ela lembra dele em vários momentos. Gosta de falar-lhe, telefonar-lhe, dizer-lhe que dele se lembrou neste ou naquele momento. Nem sempre o faz, pois respeita-lhe a vida que leva quando dela longe está. Seu desejo mais recôndito é que dela sinta falta, não como amiga, mas como a mulher que é. Decente, madura, discreta. Alegre, tranqüila, afetuosa.

Ele lembra dela em outras varias ocasiões, talvez inconfessáveis porque incompreensíveis. Mima-a. Trata-a com uma delicadeza inexplicável a outrem, a si mesmo talvez, típica de um apaixonado, que não se admite viver esse sentimento tão incabível quanto indesejável em seu atual estilo de vida. Traz-lhe comidinhas, frutas. Ignora também que ser esta uma forma tântrica de viver o sexo, o contato físico, a troca de energia entre os seres humanos ? Não creio. Ele é um homem sensível, culto, inteligente. Talvez viva um conflito, com ele mesmo, com seus desejos, sabe-se lá. E ela, ainda que não entenda, respeita-lhe enquanto deseja-o ardentemente.

Sim, antes de mais nada, é uma relação de respeito. Incomum nos dias de hoje. Com a sensibilidade de ambos à flor da pele. Raramente respeitada pelas pessoas em geral; talvez, por isso, a discrição e o anonimato dessa relação tão delicada quanto especial. Melhor assim : não há exposição, nem pré-julgamentos; ninguém se machuca. Pelo menos, não deveria...

O sentimento brota dos mínimos gestos entre os dois: do torpedo via celular, do telefonema apenas para saber se está tudo bem, do carinho no gesto simples, da leitura num artigo de jornal, numa matéria de revista sobre joelhos (sim, porque ela corre, apesar dos joelhos sofridos e ele se preocupa), num bombom, num presente, numa fruta. Incrível, mas esta também é uma forma de demonstrar amor, paixão, tesão. Negar essa troca de energia alegando amizade chega a ser ingenuidade. A quem querem enganar ?

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